segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Father

Não sei onde começar mas preciso de desabafar...

Pai,
Se há alguma coisa que me custe a falar, tu és o tema ! mas eu preciso...Preciso de desabafar de transmitir o que vai cá dentro. E sei, sei perfeitamente que nunca vais ler isto e que me vai custar escrever isto.
Queria poder dizer coisas diferentes sobre ti mas só posso dizer aquilo que me vai na alma.

Sabes quando eu era pequena sentia que não me amavas, nunca demonstravas decentemente o carinho que tinhas por mim, e sempre me senti mal por isso. Via os outros pais a irem buscar os meus colegas à escola e tu nunca ias. Muitas vezes quando ia à praia ou passear com a mãe, via todos os meninos com os pais e eu só ia com a minha mãe. Nunca ias às minhas festas da escola, nunca foste às apresentações da minha escola de música. No dia do pai, nem agradecias a tua prenda. E quando me deste a bicicleta (sim a grande), sim foste tu que compraste, ou seja pagaste, mas não não acredito que foste tu que a decidiste oferecer mas sim os meus irmãos. Foram também eles que me ensinaram a andar nela, não é? Eu nunca fui habituada a dar um beijo ao pai, porque tu nunca me habituaste a fazê-lo. Havia uma certa distância.
E eu não conseguia entender porque é que para as pessoas de fora, eu era a menina dos teus olhos e depois havia tanta coisa a separar-nos. Nunca entendi e acho que não entenderei nunca!
Fui descobrindo coisas sobre ti, que me magoaram... Fizeste coisas que eu não gostei e não sei se algum dia te perdoarei.
Quando era pequena, era a minha inocência que me fazia sentir mal, mas não senti desespero. Fui muito protegida por muita gente. E mesmo essas pessoas que me protegeram, não sabem o que vai cá dentro, a sério!
 O pior é que eu já cresci. A minha adolescência fez com que as coisas ficassem mais claras na minha cabeça e foi aí que eu sofri demasiado, que vi o quanto era grave tudo o que fizeste. E sofri, sofri muito... Tive paranóias com o meu corpo porque não andava bem. Porque chorei noites inteiras agarrada à almofada a pedir somente para que eu deixasse de ser tua filha de um momento para o outro. Achei que tive culpa. Quis morrer. Mandaram-me para um psicólogo como se tudo se resolvesse com uma simples mulher a falar comigo. Mas eu percebi SOZINHA que se alguém tinha de sofrer, eras tu e não eu. Fui ultrapassando a crise da adolescência e decidi que não podia sofrer assim... tentei enganar-me a mim própria mas as coisas não se acabam assim.
Confesso que quando fui para a universidade, achei que as coisas em casa piorassem mas acho que melhoraram um pouco. 
Afastei-me desta casa. e tentei continuar enganada, dado que começaste a dar o passo de me dar sempre um beijo quando me ias levar e me ias buscar, eu estava na expectativa que tudo tivesse mudado. Nunca acreditei a sério nisso mas tentei convencer-me. E não consegui! 
E chegou a altura das férias gigantes, e cá estou eu de novo a sofrer por seres assim. Por eu realmente achar que nunca mas nunca mudarás. Por eu odiar as tuas atitudes e por sentir alguma (Muita) raiva de ti. Não sei como isto acabará mas espero que eu não sofra muito mais por seres assim, se não vou ter de tomar medidas. Não aguento mais ter de sofrer por alguém que devia querer somente a minha felicidade.

Gosto de ti! És meu pai... Não posso mudar isso mas espero que um dia te arrependas e sofras um bocadinho por todo o sofrimento que já me causaste (a mim e às outras pessoas).


1 comentário:

J. disse...

Não li, não consegui ler porque quando li as primeiras linhas comecei a rever-me. Passei imediatamente para o último paragráfo e também me revi...